IMPRENSA

ELLE ESPANHA

O tempo de cura

Através de sua lente, EMILIA BRANDÃO homenageia 150 profissionais de saúde que, a cada dia, dão o melhor de si na linha de frente da pandemia.

Rosa, Esperança, Paz, César, Jesus, Piedade… São alguns dos 150 trabalhadores que atuam diariamente nos hospitais madrilenos Gregorio Marañón, Puerta del Hierro e Universitário del Sureste, e que a fotógrafa brasileira, embaixadora da Leica, Emilia Brandão (São Paulo, 1982), retratou em O tempo de cura. Trata-se de um projeto em homenagem a um grupo de pessoas extraordinárias que se dedicam ao máximo e que enfrentam altos e baixos emocionais da melhor maneira que podem. “Foi necessária uma pandemia para reconhecer seu trabalho – diz a artista. – Uma pandemia que colocou esses profissionais na linha de combate, quase sem equipamento, e sua capacidade de resposta ficou evidente. Eles não são heróis nem possuem superpoderes; são humanos que desempenham seu trabalho habitual por um bem comum: salvar vidas.”

Por que O tempo de cura?

Estamos vivendo um momento de cura da humanidade. Tanto para eles, que trabalham incansavelmente com o único objetivo de ajudar os outros, quanto para a sociedade, por ser uma cura da alma.

Sempre há luz onde há escuridão.

E quem precisa dela agora, especialmente, é toda a equipe hospitalar, e eu queria proporcionar isso: desde o segurança até o auxiliar, passando pelo zelador, o chefe de cozinha e o fisioterapeuta. Todos. Eles formam uma corrente. E precisam desse reconhecimento.

Eles se tornaram a máxima expressão da humanidade e do compromisso diante de um inimigo invisível.

Diante do impulso romântico de chamá-los de heróis, por seu sacrifício sem considerar sua saúde, eles não querem ser vistos assim. Nem como mártires. Sentem ansiedade e impotência. Foram lançados em uma guerra sem proteção.

Aproveitando-se do que são suas obrigações para a população.

Sem dúvida. Um coletivo que o vírus venceu mais do que o desejado. Para mim, eles são o exemplo de responsabilidade, humildade, compromisso e carinho que um ser humano pode oferecer. Deixaram suas especialidades para formar uma frente comum. E, por mais obscura que seja a situação, eles têm que continuar, dando o melhor de si sem se frustrar e se agarrando à força que lhes proporciona o sentimento de equipe e a solidariedade das pessoas.

Por que, quanto mais pressiona o vírus, mais forças de fraqueza eles conseguem encontrar?

Porque isso está em suas veias. É um desafio vocacional, o de salvar vidas, que enfrentam sem espaço para o medo, com o intuito de reencontrar a esperança. Almudena, a diretora de enfermagem do Puerta del Hierro, foi uma das primeiras pessoas que fotografei. Contou que, após o atentado do 11M, para poder continuar, tirava forças da raiva. Foi horrível, sim, mas aconteceu em poucas horas. Agora isso é como um tsunami, progressivo e constante, muito, muito longo, e por mais que estejam melhor ou pior preparados nos hospitais, supera os limites imagináveis. Não acaba nunca.

Então, onde eles encontram a garra?

No amor ao próximo. Esse amor que esteve anestesiado por um tempo e que agora eles experimentam na linha de frente. Eles estão sendo vulneráveis.

Por que você acha que temos tanta dificuldade em mostrar nossas fraquezas?

Há uma professora, Brené Brown, que desafia você a ser corajoso e, portanto, a praticar a vulnerabilidade. Ao contrário do pensamento generalizado, elas são inerentes; não dá para ser uma coisa sem a outra. A coragem de uma pessoa é medida pela sua capacidade de ser vulnerável. Eles vivem agora na areia: com incerteza, riscos e uma exposição emocional feroz. Eles se levantam a cada manhã e escolhem a coragem em vez do conforto e de suas famílias, embora isso implique tropeçar, sofrer e, em algumas ocasiões, fracassar. Eles têm a ousadia de tentar, mesmo quando não podem controlar o resultado. Neste momento, estão em ação, mantendo a cabeça fria para não cometer erros e sem tempo para conectar com a tranquilidade dentro da tempestade. Quando fizerem isso, ficarão fora de jogo emocional e fisicamente.

Eles são a única esperança que os doentes têm de vencer a batalha.

E é uma enorme responsabilidade que vivem com uma força desgarradora. Estão exaustos, embora não derrotados, e são os olhos e a voz de todos que não podem segurar a mão de seus entes queridos. Eles acolhem essa última carícia, esse último suspiro. Imagine ouvir o apito do oxigênio insuflando ar nos pulmões de um doente, notar que os batimentos estão a 20 e saber qual será o desfecho. E uma das enfermeiras à frente, sem poder mais e a risco de se contaminar, tira as luvas e toca-o para que não morra sozinho. De repente, o batimento começa a subir. E ele é salvo. Às vezes, para continuar vivendo, é necessário apenas o calor do contato físico.

A resposta de todos é titânica. O que eles pedem em troca?

Ser responsáveis, nada mais. Sua vacina somos nós. Eles fazem mais do que se pede. Se queremos sobreviver no futuro, precisamos permanecer unidos como sociedade. Então, por respeito, cumpramos nossa parte.

texto: Claudia Saíz


EL MUNDO

 


EL MUNDO digital

 

 

‘O tempo de cura’. Uma homenagem aos nossos profissionais de saúde pela luta contra a pandemia

Lágrimas, olhares perdidos, flashes de frustração, caretas de desesperança… A fotógrafa Emilia Brandão retrata o colapso causado pelo Covid, mas não o de um sistema de saúde, e sim o daquelas pessoas que chamamos de heróis.

Durante a primeira onda da pandemia, nossos aplausos romperam o silêncio de cidades confinadas e assustadas. Foi nossa maneira de animar uns aos outros e incentivar os profissionais de saúde na luta contra o coronavírus. Os meses de março e abril foram uma sucessão de notícias de mortes em lares de idosos, milhares de internações por dia e também centenas de falecimentos, UTIs colapsadas…

Diante dessa situação, a fotógrafa brasileira Emilia Brandão pegou uma câmera, com o apoio da Leica e da ONG Médicos do Mundo, e se lançou aos hospitais para retratar os heróis de jaleco que estavam na linha de frente da batalha. “Era minha maneira de retribuir a esta cidade e a este país, algo do que tanto me deram”, explica. Assim nasceu a exposição ‘O tempo de cura: Retratos dos profissionais de saúde na batalha contra a Covid-19’, que fica em cartaz até 12 de novembro na Leica Gallery, na rua José Ortega y Gasset 34.

O objetivo da autora era contar através dos trabalhadores do hospital o que estava ocorrendo durante a plena pandemia e o colapso do sistema de saúde. “Entendi que esse era o melhor lugar porque era onde o coronavírus havia igualado a todos”. Desde a faxineira até o diretor, ninguém escapou de ver as consequências de um vírus que não sabiam como controlar. Todos eles sentiram medo, desespero, frustração, dor, cansaço…

Diante da lente, 150 profissionais dos hospitais Gregorio Marañón, Puerta del Hierro e Universitário del Sureste se desmoronaram, um a um. “Queria oferecer a eles um lugar de descanso e tranquilidade, onde se sentissem à vontade. Acreditava que assim me contariam como estava sendo, nunca pensei que o que tinham por dentro era isso”, indica Brandão, com os olhos marejados e a voz embargada pela emoção enquanto observa os 30 retratos em exibição. “Nas notícias se falava do colapso do sistema de saúde, mas quem colapsava eram as pessoas”.

“SOMENTE FIZEMOS NOSSO TRABALHO”

Os profissionais de saúde afirmam que se fossem heróis teriam superpoderes e não faltariam leitos, medicamentos ou oxigênio, que “somente fizemos nosso trabalho”. Isso foi repetido pelo médico José Eugenio Guerrero Sanz, chefe da UTI do Hospital Gregorio Marañón de Madrid, quando no dia 16 de outubro recebeu, em nome de todos os profissionais de saúde, o Prêmio Princesa de Astúrias da Convivência.

O doutor José Félix Hoyo, presidente da Médicos do Mundo, também o disse durante a apresentação da exposição ‘O tempo de cura’. E Emilia Brandão repete: “Eles são apenas humanos, não heróis. Pessoas que fizeram um esforço imenso”.

 

https://www.elmundo.es/madrid/2020/11/04/5f8d4c8021efa0a8388b45a5.html


VOGUE SPAIN

 

Do ‘selfie’ ao autorretrato: 5 dicas para fotografar-se com intenção artística

Emilia Brandão, fotógrafa embaixadora da Leica, compartilha suas técnicas pessoais para elevar seus autorretratos a um nível de excelência.
Por Vogue para Leica

27 de novembro de 2020

 

“Entendo os selfies e autorretratos como fotografias ‘semelhantes’ porque o tema de ambos é o eu mesmo como sujeito principal da composição, mas, ao aprofundar-se nisso, há muitas características fundamentais que os distinguem”, explica a fotógrafa brasileira embaixadora da Leica, Emilia Brandão. Ela é a responsável por compartilhar com Vogue Espanha suas reflexões e truques que mais funcionam na hora de elevar a qualidade de seu trabalho.

Em palavras de Emilia Brandão:

“Quando faço um selfie, geralmente o faço com o celular, e a intenção é ser apenas uma foto instantânea, registrar um momento, comunicar uma mensagem fácil de visualizar (um sorriso, um abraço com um amigo). Não exige muita interpretação da pessoa que vê a imagem, nem contém muita carga emocional ou conceitual. Um selfie simplesmente acontece.

Mas, quando me proponho a fazer um autorretrato, há uma reflexão da minha parte e convida à reflexão de quem observa. Pode tratar de temas distintos, como a identidade, uma investigação do ser. Um autorretrato se produz, se cria. Há um contexto, uma execução, uma intenção, uma narrativa. É, acima de tudo, uma forma autêntica de autorrepresentação, uma prática de autorreflexão. Não é necessário que mais ninguém o veja.

Aos que querem fazer um autorretrato, aconselho que tenham uma câmera intimista (como, por exemplo, uma Leica), que entrem em contato com seu EU, no momento, no tempo e no espaço em que vivem. É preciso ter coragem para explorar questões pessoais sem medo e tentar capturar com a câmera essa parte da alma que normalmente não se mostra nem a si mesmo”.

Dicas que melhorarão suas fotografias:

1. **Anote suas ideias.** Comece a contextualizar suas ideias, criar uma narrativa, pensar no que deseja comunicar, no que quer transmitir. É um momento de autorreflexão. Se estiver sem ideias, busque referências visuais para criar mentalmente a imagem que refletirá esse EU que você deseja plasmar em seu autorretrato.

2. **Inspiração.** Procure referências fotográficas para nutrir sua imaginação, para escapar do piloto automático e criar algo autêntico, com sua essência. Aqui estão algumas das minhas inspirações: Cindy Sherman, Francesca Woodman, Viviane Mayer, Sophie Calle, Robert Mapplethorpe.

3. **Prepare-se!** Prepare os elementos estéticos e técnicos que você precisa para a execução: câmera, tripé, disparador, luz, fundo, adereços, ambiente… etc.

4. **Agora que tudo está pronto, você tem um desafio: posar para sua própria câmera.** Não se trata de tirar um selfie com o celular; um autorretrato requer uma relação com a câmera. Você pode colocá-la em um tripé e tirar as fotos com um disparador (ou com o aplicativo do celular, por exemplo) ou segurá-la na mão diante de um espelho. Mas o importante é saber que a câmera está a seu serviço e não parar de fotografar até que tenha algo que te represente.

5. **O mais simples é simplesmente se deixar levar pelo processo criativo.** Improvisar, deixar sentir e não parar de fotografar até obter uma versão de si mesmo que você deseja levar consigo em sua história.

https://www.vogue.es/living/articulos/del-selfie-al-autorretrato-consejos-leica-fotografia-camaras

 


ARTNET

 

This Photography Collective Captures the Nuances of Latinx Life. Now, a Berlin Gallery Is Debuting Their Work to the Public for the First Time

 

O coletivo de fotografia South.Southwest está em uma missão ambiciosa para criar um novo cânone da fotografia latino-americana. O grupo, que se formou há vários anos sob o patrocínio da empresa de câmeras Leica, reúne fotógrafos do Brasil à Espanha, incluindo Sebastián Liste, Christina de Middel, Álvaro Ybarra Zavala, Laura León, Jesús Rocandio, Adriana Zehbrauskas, Stephen Ferry, Tomás Munita e Emilia Brandão.

Embora o trabalho profissional desses fotógrafos varie de documentário e reportagem a editorial, a produção do coletivo tem uma intenção mais singular: capturar uma visão poética e expressamente artística da identidade latino-americana. Agora, uma seleção das obras do coletivo está sendo revelada ao público pela primeira vez em uma exposição de galerias homônima, curada por Irakli Megre e Isabelle Thul na galeria re|space de Berlim.

As diversas paisagens, povos e animais capturados nessas imagens oferecem vislumbres da vastidão da arte latino-americana—cultura pop se mistura ao folclore, a vitalidade da juventude se desenrola contra terrenos antigos. A conexão íntima entre os povos latino-americanos e a natureza é talvez o fio comum compartilhado entre essas imagens, que alternam entre complementar e contradizer uma à outra, criando um retrato nuançado de uma comunidade global. Em um canto, as imagens ruidosas e cruas em cores do fotógrafo americano Stephen Ferry, que retratam intimidade e celebração, contrastam com as cenas cinematográficas cuidadosamente compostas pela artista espanhola Cristina de Middel.

Além disso, a exposição também representa uma oportunidade única para colecionadores de fotografia. Cada obra na exposição está à venda diretamente dos artistas, e cada impressão é única—portanto, o comprador será o único proprietário da obra. South.Southwest é destinado a ser um projeto contínuo e as vendas da exposição financiarão futuros projetos.

Veja imagens de “South.Southwest” abaixo.

 

 


CONDÉ NAST TRAVELER

 

‘O tempo de cura’, a exposição que retrata os profissionais de saúde madrilenos

O trabalho de Emilia Brandão é uma homenagem ao coletivo de saúde que hoje recebe o Prêmio Princesa de Astúrias de Concordia 2020.
Por Arantxa Neyra
16 de outubro de 2020

 

Até março de 2020, a brasileira Emilia Brandão fotografava jogadores de futebol, atores e músicos para diversas publicações da Europa e da América do Sul especializadas no que conhecemos como “estilo de vida”. Mas esse “estilo de vida” mudou para todos nós (Europa, América do Sul e o resto do planeta) da noite para o dia, e a ela, que “nunca havia tido essa veia de fotojornalista”, deu um toque no ombro indicando uma direção que nunca havia tomado.

Ela havia se instalado recentemente com sua família em Madri, uma velha e amada conhecida onde já havia vivido há anos e que considera sua segunda casa. Mas, desta vez, a cidade que a recebeu não foi a Madri da qual se apaixonara, barulhenta, caótica, vibrante e às vezes desesperante, mas uma cidade bem diferente. Uma cidade fechada a cal e canto, ameaçada e impotente, triste e assustada, que vivia 24 horas com a pele de galinha e o coração apertado.

Essa cidade adormecida e esse momento tão único e histórico a levaram a um “processo de profunda introspecção”, “despertando um lado que estava adormecido”, a perceber que “todos estamos interconectados com nossas ações” e a começar uma busca para descobrir o que era “o que o vírus queria nos ensinar”.

“Eu senti vontade de fazer algo pelos outros, e como o único que sei fazer são retratos, quis aplaudir e valorizar tudo o que o pessoal de saúde estava fazendo por nós”, explica Brandão.

Do motorista de ambulância ao pneumologista, dos auxiliares aos cirurgiões, do limpador da UTI ao médico que é entrevistado na televisão, todos foram convocados durante quatro dias entre abril e maio, quando a pandemia na Espanha estava em seu auge em três grandes hospitais de Madri (Hospital Universitário Puerta del Hierro, Hospital Gregorio Marañón e Hospital Universitário del Sureste), em seus breves momentos de descanso entre seus longos turnos para sentar-se diante de sua câmera.

Alguns explodiam, outros desabavam, ficavam sem palavras ou contavam a Emilia algo que não haviam se atrevido a compartilhar com mais ninguém.

*O tempo de cura* é o resultado de uma seleção desse trabalho: 150 histórias, 150 pessoas que lutaram na linha de frente contra o vírus, que foram passando, uma a uma, por um estúdio improvisado para serem retratadas, envoltas, não com uma capa de super-heróis como nós insistíamos em vê-los, mas em uma capa de medo, impotência e serviço social: de humanidade.

Dor, frustração, cansaço, sono, desespero… que se traduzem em olheiras inchadas, cabelos brancos descuidados, olhares perdidos ou lágrimas, e que ficaram registradas na forma dessas preciosas e potentes imagens em preto e branco, testemunhas de uma época que gostaríamos de esquecer e de uma labor que nunca esqueceremos como homenagem a todo esse coletivo de saúde, que hoje recebe o Prêmio Princesa de Astúrias de Concordia 2020 em Oviedo.

Paradoxalmente, mãe de duas crianças pequenas e com um marido asmático, em um momento em que ainda se sabia pouco sobre como se contagiava, Emilia tinha a sensação de que “algo” a protegia: “Eu trabalhava a favor do vírus, sabia que era um dever e por isso estava tranquila”.

Ao passear diante da seleção que compõe a narrativa, e ao recordar cada um dos momentos em que as fez, Emilia não consegue controlar a emoção, assim como não o fazem José Félix Hoyo, presidente da Médicos del Mundo, ONG ativamente envolvida no apoio aos hospitais espanhóis durante a pandemia, nem o doutor Jesús Millán, chefe de Medicina Interna do Hospital Gregorio Marañón de Madri (e um dos retratados), que estiveram presentes na apresentação da exposição na Leica Gallery de Madri, onde estarão até 12 de novembro.

Possivelmente *O Tempo de cura* continue viajando para outros destinos, ainda incertos. Assim como os de todos nós. Enquanto isso, Emilia segue com a câmera em mãos, disposta a continuar comprometida com o projeto, “disparando” onde for necessário.

https://www.traveler.es/experiencias/articulos/tiempo-de-cura-exposicion-sanitarios-madrilenos-pandemia-fotografias-emilia-brandao/19346


RTVE TELEDIARIO 1

https://www.rtve.es/play/videos/telediario/21-horas-13-11-20/5713722/?t=42m01s

por Carlos del Amor


RADIO RNE “El Culturódromo”

 

https://www.rtve.es/play/audios/no-es-un-dia-cualquiera/homenaje-sanitarios-carlos-del-amor-culturodromo/5714778/

 


CADENA SER

 

Tristeza, dor, desespero, exaustão e impotência. É o que transmitem as fotos realizadas durante a pandemia a 150 profissionais de vários hospitais de Madri. Uma galeria sem cor, e com emoção, que reconhece aqueles que continuam nos curando e cuidando.

María Manjavacas

Cadena SER 03/11/2020 – 16:48

Madri

Realizado durante os meses de março e abril de 2020, “O tempo de cura”, que é o nome da exposição, é uma homenagem aos profissionais de saúde que enfrentam, na linha de frente, um inimigo invisível. É um projeto pessoal da fotógrafa brasileira, residente em Madri, Emilia Brandão. “Em meados de março em Madri, minha cidade adotiva, minha vida, assim como a do resto da humanidade, mudou radicalmente por causa do Covid. Enquanto vivia confinada com minha família em casa, senti uma urgência de querer ajudar e retratar os heróis que combatem na linha de frente. Acredito que um retrato tem a força de um aplauso e sentia que eles precisavam desse reconhecimento. Queria dar-lhes rostos e nomes, gerar memórias para algumas das pessoas que viveram de perto a luta contra o vírus”, explica a fotógrafa.

“O pior que já vivi”

Inés García Calvo, enfermeira de urgências no Hospital Gregorio Marañón de Madri, diz e repete isso. “Quando comecei a estudar, estava começando a epidemia de AIDS, estávamos em todas as pesquisas, não se sabia o que era até que foi identificado, e eu nunca tive tanto medo na minha vida. E mais do que medo, era desespero”, conta Inés, que lembra um de seus piores momentos na sala de espera das urgências, um dia em que chegou com 300 doentes quando a capacidade era de 60. “Eles estavam em cadeiras e não podíamos levá-los a lugar nenhum. Te olhavam com uma desespero”, relata Inés.

Outra colega, Esther Monje, auxiliar de enfermagem, lembra do pior momento de sua carreira quando viu um paciente morrer em seus braços porque a família não pôde acompanhá-lo devido aos protocolos do Covid.

Elisa Castreño é a governanta do Gregorio Marañón, coordena os serviços de limpeza. Ela trabalhou no Iraque quando a guerra estourou e lembra disso como muito pior. “Na guerra você pode ter algumas horas ruins, mas depois há momentos em que você pode se apegar, abraçar. Com o Covid não. Você tenta ficar afastado por medo de contágio. Esse bicho nos deixou sem calor humano, que eu sinto tanto falta”.

“O tempo de cura”

Para tirar as fotos da exposição, foi instalado um estúdio fotográfico durante vários dias dentro de cada um dos três hospitais madrilenos: Puerta del Hierro de Majadahonda, Gregorio Marañón e Universitário del Sureste. “Enquanto trabalhavam dias e horas sem descanso, sem tempo nem energia para assimilar tudo o que estava acontecendo internamente, eu oferecia uma pausa, uma cadeira sob minha luz para conhecê-los e ouvir como se sentiam. Ao convidá-los para um momento de tranquilidade, muitos se conectavam com suas emoções pela primeira vez desde o início da pandemia. Longe da imagem heroica que carregavam, pude ver de perto a natureza vulnerável desses seres humanos, que curam e cuidam”, explica Emilia Brandão. A fotógrafa conta que o objetivo deste projeto é retratar as equipes hospitalares que estão lutando e sacrificando suas vidas para salvar e curar milhares de pessoas da Covid. A exposição pode ser visitada na galeria Leica de Madri até 12 de novembro.

 

https://cadenaser.com/programa/2020/11/03/la_ventana/1604419336_649690.html

 


GLAMOUR BRASIL

 

Fotógrafa registra profissionais na linha de frente contra a covid-19 em Madri

Projeto “Tempo de Cura”, da brasileira Emilia Brandão, passou por 3 hospitais e retratou equipes da limpeza, administração, médicos e enfermeiros

Por Depoimento à Stefani Sousa; Fotos Emilia Brandão

 

Em entrevista à Glamour, a brasileira Emilia Brandão, 37, compartilha detalhes dos seus dias fotografando profissionais da saúde que estão no fronte contra o coronavírus em hospitais de Madri, na Espanha. Na cidade em que vive e está confinada com o marido e seus dois filhos, a fotógrafa descobre vivências de amor, luta e esperança no projeto “Tempo de Cura“. Entenda abaixo:

“Confinada em casa desde o começo de março, senti que precisava sair da minha zona de conforto e registrar onde a guerra está acontecendo. Foi então que, à convite da Leica, marca de câmeras profissionais, decidi oferecer um registro histórico para quem trabalha na linha de frente e proporcionar um olhar de amor para essas pessoas que estão muito carentes de afeto.

Eu estava esperando que os profissionais falassem de coisas do hospital, mas fomos muito além. Foi uma experiência muito transformadora. Três hospitais de Madri abriram suas portas e tive a honra de fotografar 150 pessoas, desde médicos e enfermeiros a profissionais da limpeza e administração.

Eu pensei estar preparada para histórias de vida no hospital, sobre morte e doença, mas fui surpreendida por narrativas de sacrifícios pessoais por parte dos profissionais de saúde. Isso me afundou.

Havia um padrão nas sessões. Os profissionais de saúde chegavam empolgados com as fotos, tinham um sorriso no rosto, mas essa energia desaparecia quando estavam sozinhos comigo. A intimidade e a confiança entre nós foi muito especial e eles começaram a compartilhar suas histórias.

Todos os dias, exaustos, médicos e enfermeiros enfrentam longos turnos de 12 a 16 horas de
trabalho diário. Eles estão emocional e fisicamente exaustos, não apenas por causa do
trabalho que realizam, mas por tudo o que vem ao enfrentar a situação.

Nós os chamamos de heróis, mas falando com eles pude entender que essa palavra também estava causando um enorme estresse. Por mais extraordinário que seja o trabalho que estão realizando, fica claro que estão perto do colapso.

 

https://glamour.globo.com/lifestyle/noticia/2020/05/fotografa-registra-profissionais-na-linha-de-frente-contra-covid-19-em-madri.ghtml

 


CULTURA INQUIETA

 

A fotógrafa Emilia Brandão retrata profissionais de saúde na batalha contra a covid-19

Por Juan Yuste 9 de outubro de 2020

A fotógrafa brasileira e embaixadora da Leica, Emilia Brandão, apresenta na Leica Gallery Madrid seu projeto El tiempo de cura: Retratos de los profesionales sanitarios en la batalla contra la covid-19.

A exposição faz parte das propostas culturais da Leica Gallery Madrid e é uma homenagem aos profissionais de saúde que serão reconhecidos no próximo dia 16 de outubro em Oviedo com o Prêmio Princesa de Asturias à Concordia 2020.

Emilia Brandão começou a fotografar em 2000 com uma câmera antiga de seu pai. Montou um laboratório fotográfico e desde então não parou de fotografar.

Sua paixão são as pessoas, os retratos, a luz individual que se imprime em uma fotografia.

Sua carreira no cinema, com especialização em cinematografia, fez crescer sua paixão pela fotografia fixa e, desde 2008, se dedica à fotografia de maneira profissional.

Em meados de março de 2020, Madri, sua cidade adotiva, vivia as semanas mais duras da crise do COVID-19. Após semanas confinada com sua família, decidiu apoiar aqueles que mais sofriam com a crise e retratar os profissionais de saúde, criando este projeto: “El tiempo de cura”.

Três hospitais de Madri dedicados exclusivamente ao COVID-19 – Hospital Universitário Puerta del Hierro, Hospital Gregorio Marañón e Hospital Universitário del Sureste – abriram suas portas generosamente, onde montou um estúdio fotográfico e teve a honra de fotografar 150 profissionais de saúde, de todos os departamentos dos hospitais.

A fotógrafa Emilia Brandão explica que os principais objetivos deste projeto foram: fazer uma homenagem aos profissionais que lutavam nessa batalha e oferecer um espaço seguro onde pudessem descansar e respirar, ainda que por alguns minutos, pois sabiam que estavam à beira do colapso:

“A intimidade e a confiança que se criavam entre nós eram muito especiais e, então, compartilhavam suas histórias comigo, coisas que muitas vezes não haviam dito a seus parceiros nem a si mesmos. Eles estavam emocional e fisicamente exaustos, não apenas pelo trabalho, mas por tudo o que envolve enfrentar uma pandemia. Nós e a mídia os chamávamos de ‘heróis’, no entanto, enquanto os fotografava e conversava com eles, pude entender que essa palavra, que pode significar ter superpoderes, estava causando um estresse enorme. Porque eles são humanos e, por mais extraordinário que seja o trabalho que faziam, estava claro que também precisavam se curar para seguir em frente”.

El tiempo de cura, por Emilia Brandão
Leica Gallery Madrid
Até 12 de novembro de 2020

 

https://culturainquieta.com/arte/fotografia/la-fotografa-emilia-branda-o-retrata-a-profesionales-sanitarios-en-la-batalla-contra-la-covid-19/

 


CONDÉ NAST TRAVELER

 

A VIAGEM SENTIMENTAL DE EMILIA BRANDÃO CARNEIRO. Talvez você não saiba que o F&deO é o primeiro espaço expositivo centrado na pesquisa da arte feminina. Se ainda não o fez, poderá visitá-lo até 30 de julho da melhor maneira: através de Sentimental Journey, a belíssima e poética exposição da fotógrafa brasileira Emilia Brandão Carneiro.

Nascida em 1982 e embaixadora da Leica em 2020, Brandão já realizou exposições não apenas em nosso país, mas também na Alemanha, Brasil e França, e sua série Sentimental Journey foi premiada neste mesmo ano com Menção Honrosa pelo 18º Juliet Margaret Cameron Award for Women Photographers.

As fotografias que você verá no F&deO, feitas em preto e branco, são uma série de retratos de cisnes no Sena, em Paris. Cada instante, cada retrato, desafia a imagem convencional dessa ave tão fotogênica e, a partir de um olhar poético e, de certo modo, perturbador, estabelece uma relação direta com o espectador. Uma daquelas que cativam e fazem pensar.

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https://www.traveler.es/articulos/planes-para-el-fin-de-semana-15-16-y-17-de-julio

 


ELLE SPAIN

 

 

Até 30 de julho, podemos ver na Galeria F&deO a exposição **Sentimental Journey**, uma coleção de fotografias da brasileira Emilia Brandão Carneiro, que se concentra em retratar cisnes no Sena, em Paris. No entanto, a autora deseja se afastar dos estereótipos e vemos imagens incomuns; um cisne feio e retorcido, por exemplo. Mas nada alarmante, e essa é a especialidade de Brandão—saber capturar tudo que nos parece familiar ao mesmo tempo que inesperado: comida, amigos… tudo com uma aura romântica, encantadora e especial.

 


CULTURA INQUIETA

 

A fotógrafa Emilia Brandão Carneiro captura a intimidade e o romantismo onírico do rio Sena

Por Luiki Alonso, 18 de julho de 2022

Como flashes, essas capturas mentais e diapositivas sentimentais se sucedem, suavizadas pelos traços que, desbotados nas bordas de suas formas, evocam a sonho de um romantismo intimista que não se tinge de rosa, mas de cinzas.

Se pensamos no romântico em todas as suas acepções, formas e manifestações, muitos de nós associamos a ideia a alguns dos cantinhos mais famosos de Paris, a capital do amor.

Em Sentimental Journey, uma série da fotógrafa brasileira Emilia Brandão Carneiro (1982), a artista exibe sua sensibilidade delicada e celebra o romântico ao trabalhar pela evolução e transformação do mundo da arte, imprimindo uma essência feminina livre de complexos, preconceitos e ideias pré-estabelecidas.

Fotografias em preto e branco retratam cisnes no Sena. Embora isso possa soar um pouco clichê, o que torna o trabalho da brasileira fascinante é que as capturas mostram algo distinto do que esperaríamos.

Por exemplo, um cisne contorcendo-se, com uma aparência feia, um tanto perturbada, desafiando a imagem convencional que associamos a essas aves graciosas. Também notamos, é claro, a “assinatura Brandão” na habitual ternura e generosidade de seu olhar (o que pode ter atraído a atenção dos curadores da PhotoVogue, que premiaram quatro das imagens da série).

A arte de Emilia Brandão Carneiro pode ser descrita como “desavergonhadamente romântica”.

Em seu trabalho, vemos a luz do sol filtrada poeticamente pelas silhuetas das árvores, rostos borrados em um estado de espírito pensativo, flores, nuvens, nus, etc.

Algumas imagens são tão belas e mágicas que nos fazem corar, porque às vezes esquecemos o quão radical é ser romântico nos tempos em que vivemos. A arte de Brandão existe para desafiar ideias preconcebidas. É profundamente comprometida e humana. É, de fato, bastante inteligente.

Nesta exposição, a brasileira que adotou Madri como sua casa nos transmite uma sensação de familiaridade. Em um mundo obcecado pela novidade, Brandão nos apresenta imagens que encontram seu valor na representação do que já conhecemos.

A Galeria F&deO de Madri, o primeiro espaço expositivo centrado na pesquisa do arte feminina, abriu em 16 de junho as portas para *Sentimental Journey*, uma exposição individual da aclamada e sonhadora fotógrafa.

 

 

https://culturainquieta.com/arte/fotografia/la-fotografa-emilia-brandao-carneiro-captura-la-intimidad-y-el-romanticismo-onirico-del-rio-sena/