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    • SENTIMENTAL JOURNEY

    Estudo sobre os cisnes no rio Sena em Paris.

     

    Paris/França, 2016-2019

    Múltiplas exposições em filme preto e branco em meio formato

    “Todo dia,
    Eu passo por uma ilha no rio Sena
    Um grupo de cisnes vive lá
    Eu assisto ao seu balé na água
    Enquanto eles dançam
    Seu espetáculo diário
    Eles me seguem
    Esperando mais do que apenas serem alimentados
    Eles esperam ser admirados
    Esses animais selvagens
    Precisam estar em um pedestal acima da água
    Para sobreviver à sua vida urbana”

    Texto: Emilia Brandão Carneiro

    Declaração da Artista:

     

    Trabalho com fotografia desde que fui apresentada a uma câmera, aos 15 anos. Sempre senti que a câmera era uma extensão dos meus olhos, cérebro e coração, que eu podia carregar com as mãos. Comecei a fotografar com uma antiga câmera de filme médio formato Hasselblad com lente de 50mm, então a maior parte do meu trabalho ainda é feita dessa forma. Gosto de experimentar com filme e enfrentar as surpresas dos resultados no laboratório ao desenvolver filmes com múltiplas exposições na câmera, como nesta série.

    Todas as minhas inspirações e referências artísticas desde jovem, em Cinema e Fotografia, vieram da França nas décadas de 20 a 40. Fui fascinada por tudo, de Bresson, Godard, Carné a Kertész, Cartier-Bresson, Atget, Man Ray, Le Gray… Portanto, viver em Paris sempre foi um sonho.

    Anos depois, casei-me com um francês, nos mudamos para Paris com nossa filha bebê e, de repente, perdi meu pai em um trágico acidente de carro. Eu lamentei sozinha. Morávamos perto de uma ilha no Sena, onde havia grupos de cisnes vivendo, e eles me faziam companhia nas minhas caminhadas diárias ao redor da ilha. Sua dança majestosa tornava minha vida em Paris ainda mais fictícia.

    Minha intenção era estudar esses animais que chamavam minha atenção e são tão conhecidos por sua graça e elegância. Meu objetivo era retratar um lado ordinário de sua existência nesse ambiente diário, desafiando os preconceitos e clichês em torno da imagem dos cisnes, e abordá-los com algum tipo de familiaridade e intimidade que acredito ter construído com eles ao longo dos anos, vivendo uma vida urbana em um ideal sonhador e romântico. Assim como minha própria relação com minha jornada em Paris, que também está implícita na existência deles, revelando seu poder de transcender a beleza no espaço e no tempo. A estética que escolhi foi principalmente desfocada e embaçada, pois era assim que me sentia na maioria dos dias durante minha jornada, e isso combinava com sua expressão de movimento e fluidez na água.

     

     

    **Sentimental Journey** apresenta uma série de fotografias em preto e branco que retratam cisnes no Sena em Paris. Pode parecer um pouco clichê, mas é exatamente isso que torna este projeto fascinante. Há imagens que mostram algo diferente do que esperaríamos: um cisne se contorcendo, com uma aparência pouco atraente e um tanto perturbada, desafiando a imagem convencional que associamos a essas aves graciosas. Notamos também, é claro, a “assinatura Brandão”: a habitual ternura e generosidade em seu olhar (que pode ter chamado a atenção dos curadores do PhotoVogue, que premiaram quatro imagens da série).

    No entanto, de maneira geral, nesta exposição, essa brasileira que fez de Madrid seu lar transmite uma sensação de familiaridade. É como ir a um concerto de um músico ou compositor que conhecemos bem, assistir a um balé, uma peça ou um filme pela décima vez. Estar com pessoas próximas e íntimas. Comer comida comum. No passado, poderíamos ter usado o termo clássico, significando “muito típico”, familiar. Alguns poderiam dizer que é entediante, mas o familiar é o que nos fundamenta, nos conforta. Em um mundo obcecado por novidades, Brandão apresenta imagens que encontram seu valor na representação do que já conhecemos.

    O tema e a técnica podem parecer ordinários e comuns, mas o resultado é romântico, encantador e especial. Com **Sentimental Journey**, Brandão nos convida a recalibrar nossos valores. Seu trabalho sugere que o especial não está no novo, mas no familiar. A artista escolhe a reflexão e a introspecção em vez da distração. E, ao fazer isso, nos presenteia com imagens que nos fazem sonhar.

    Texto: Ana Araújo, Galería F&deO. Exposição Sentimental Journey. Madrid, 2022.

     

    EXPOSIÇÕES e PRÊMIOS:

     

    – Prêmio “Open Walls 2023,” – Festival de Arles pelo British Journal of Photography, Arles/França, 23

    – Exposição solo, Laufen Showroom / Madri/Espanha, 23

    – Exposição solo, Galeria F&deO / Madri/Espanha, 22

    – Menção Honrosa – 18º Prêmio Julia Margaret Cameron, 22

    – Selecionada no PhotoVogue, 22

    – Seleção oficial para o Prêmio IPA, 22